domingo, 18 de março de 2012

Os Livros do Dr. Inácio Ferreira

      A História que ora apresentamos, é de um inusitado relato feito pelo irmão Chico Xavier em 12/01/1990 e publicado em livro pela União Espírita Mineira em 1992.
      Trata de um bonito e interessante fato, que envolve o famoso acervo do nosso querido Dr. Inácio Ferreira e que se não fosse a intervenção das forças amigas junto ao Chico, muitas informações e dados importantes sobre o movimento espírita mundial, brasileiro e especialmente de Uberaba , provavelmente estariam irremediavelmente perdidos.
       Em 11 de janeiro de 1989 eu estava em meu quarto de dormir, ressonando, quando alguém se aproximou rapidamente. A princípio, assustei-me, mas qual não foi minha agradável surpresa, ao reconhecer a figura inconfundível de Dr. Inácio Ferreira! Assim fui logo exclamando:
       - Dr. Inácio, é o senhor mesmo, meu bom Deus! Que alegria em revê-lo! - quase chegando às lágrimas  por reconhecer o estimado confrade. Ele encontrava-se tal qual acostumamo-nos a vê-lo aqui, em Uberaba. O mesmo traje branco, o mesmo jeito: - Dr. Inácio conte-me algo sobre sua passagem. Estou curioso por ouvir do senhor o relato sobre o reencontro com os nossos amigos da outra vida! Quantos dos nossos o senhor já reviu? Quero saber tim-tim por tim-tim!
       Ao que ele retrucou:
       - "Ah, Chico, meu caro! não há tempo para isso. Vim aqui para pedir-lhe o favor de uma providência que não deve fazer-se esperar. Ademais, tenho visto tanta gente, que, se fôssemos conversar sobre isto, passaríamos dias na prosa. E você sabe como é, Chico, eu poderia me esquecer de mencionar alguém, tantos são os amigos! De forma que, ao menos por enquanto, não nos aventuremos por este terreno. Mas vamos logo logo ao assunto que me troxe aqui. Chico...nós dois vamos até à minha casa. Você precisa me acompanhar até lá para podermos conversar com Maria Aparecida."
      - Mas, Dr. Inácio, o senhor deve estar doido! Eu não posso sair a estas horas da noite! O meu corpo está exausto, o senhor deve estar a par da minha peleja, e os médicos me recomendaram repouso! Como é  que eu sairia na rua, tarde da noite?! Além disso, sua casa e´por demais distante - do outro lado da cidade! - disse-lhe.
       - " Chico, não se preocupe com isso, porque você estará sob nossos cuidados. O fato é que nós devemos ir andadando até lá. No trajeto eu lhe digo o porquê. vamos, Chico, dê me o braço."
       Ao apoiar-me em Dr. Inácio, senti-me leve como pluma. O corpo já não me pesava. Uma força levemente eletrizante animou-me, ao ponto de sentir-me plenamente disposto para caminhada. Foi aí que reparei na beleza do Dr. Inácio. Por todo 0 seu corpo vi pequenas radiações brilhantes, que me fizeram compreender que ele já havia alcançado o estágio da autoluminosidade. Ante meu espanto natural retrucou:
      - " Chico, não temos tempo para conversas! O trabalho nos espera. vamos andando!"
      Súbito, começamos a andar celeremente, tomando a calçada. a medida que caminhávamos, mais rápido íamos, de maneira que deslizámos a meio palmo do chão. Vocês não imaginam quanto dista a residência de Dr. Inácio de minha casa e, em questão de poucos minutos, havíamos atravessado toda Uberaba e já nos aproximávamos do lugar.
      - E, se alguém me vir andando assim, na rua, Dr. Inácio, altas horas, da madrugada? - exclamei.
      - "Não se preocupe, Chico. Ninguém nos verá!"
      - Mas, meu Deu! O que é que D. Maria Aparecida vai pensar de mim? Isto não é hora para visitas, Dr. Inácio!
      - "Você precisa conversar com ela, Chico. Ela já deve estar desperta pelos amigos espirituais!"
      A esta altura, já estavamos diante da porta de entrada da casa do Dr. Inácio. O silêncio dominava a madrugada. Eu já estava aflito pela possibilidade de importunar D. Maria Aparecida, àquela hora. O Dr. Inácio parou em frente á porta e disse-me:
      - "Chico, você fique aqui e aperte a campainha."
      - Mas o que é isso, Dr. Inácio? D. Maria Aparecida vai achar que estou ficando doido, parado aqui, tocando a campainha tão tarde da noite!
      - "Chico, não se preocupe, que ela já deve estar de pé. Infelizmente, minha condição perispiritual ainda
não me permiti atuar diretamente sobre os metais, de forma que não posso abrir a fechadura para você. Por favor, me espere aqui fora , enquanto tentarei forçar a parte de madeira da porta, afim de ajudar a abri-la.
Toque a campainha, que Maria Aparecida atenderá ao chamado."
      Assim foi feito. e, segundos mais tarde, D. Maria Aparecida abriu a porta, um pouco espantada com o inusitado da visita, pois, afinal, era a primeira vez que eu ia até lá.
      Gentilmente, convidou-me a entrar. Sentamo-nos na sala, falamos sobre a recente partida de Dr. Inácio, cuja presença ela não percebia. A lágrimas nos tomaram muitos minutos de saudade, e ouvi, com muita atenção e carinho, os lamentos de profundo pesar da estimada irmã.
      Passado alguns instantes, disse-lhe, pausadamente, e de acordo com as instruções recebidas do Dr. Inácio:
      - O que eu tenho a lhe informar, D. Maria Aparecida, é que o Dr. Inácio está presente, a pedir-lhe paciência. Pede-me para dizer-lhe que a vida continua e que ele está firme nos propósitos de servir, junto ao Sanatório. O Dr. Inácio continua á frente dos trabalhos, com planos para o futuro. A senhora me perdoe, se lhe disser algo menos cortês, mas é que ele está me pedidndo para dizer-lhe que, por amor a Deus não doe os livros de sua biblioteca!
      Um tanto quanto espantada, d. Maria Aparecida respondeu:
      - "Mas, Chico, eu não dispus de livro algum! Não tenho doado livro nenhum do Inácio!"
      - "Chico - insistiu ele - ela tem dado meus livros e provavelmente está encobrindo o fato, porque o fez com grande carinho. Diga a ela que ainda preciso muito de minha biblioteca e quero conservá-la aqui em casa até o dia em que o Sanatório estiver preparado para recebê-la, numa nova e arejada sala. Conte a ela, Chico, que, após a desencarnação, continuei trabalhando muito pelo Sanatório. Não tenho tido tempo ainda para conhecer outras esferas de trabalho. Diga a ela que, em meus momentos de descanso, este é o pouso bendito que busco para rever os velhos assuntos, a meditar na bondade divina. eu preciso dos meus livros, Chico!"
      - "Chico - insistiu ele - ela tem dado meus livros e provavelmente está encobrindo o fato!"
      Aos poucos, D. Maria Aparecida foi percebendo a presença do antigo companheiro. Entre um e outro esclarecimento, que o Dr. Inácio me fazia dar, ela finalmente considerou, surpresa:
      - "Mas, Chico, somente eu poderia saber disto! Como é que você pode estar me contando isto?!"
      _ É o Dr. Inácio, D. Maria Aparecida, que está aqui, pedindo-me para falar em seu nome. a senhora me perdoe!...
      Decorridos alguns instantes de recordações silenciosas, repletas de saudade, D. Maria Aparecida, influenciada por amigos espirituais, convidou-me a repousar por algum tempo. O Dr. Inácio esclareceu-me que o repouso se fazia necessário, tendo em vista a recomposição de nossas forças. Descansamos, então por três horas. E, somente após às cinco horas da manhã despedimo-nos emocionados da amiga.
      No caminho de volta, o Dr. Inácio pediu-me o obséquio de, logo pela manhã, às 7:30 horas, telefonar à D. Maria Aparecida, a fim de relatar-lhe o ocorrido. Disse-me também, que o Dr. Bezerra de Meneses havia considerado a necessidade de que este encontro espiritual não fosse registrado pela memória corporal de D. Maria Aparecida. Segundo o Dr. Inácio, ela havia recebido dos amigos espirituais forte carga magnética de esquecimento. Não obstante, guardaria no coração, e na memória espiritual aqueles instantes; daí, a importancia do telefonema.
      Chegamos a casa rápido. Entrando em meu quarto, assustei-me,sobremaneira. A princípio, pareceu-me que alguém dormia em minha cama. Sem deixar transparecer o desagrado que me invadiu naquele momento, exclamei:
      - Que é isso Dr. Inácio?! Como Alguém pode estar deitado em minha cama?
      - "Não há ninguém deitado lá, Chico!" - retrucou.
      - Como não?! O senhor não está vendo esta coisa de desagradável aparência, esparramada em minha cama? Como pode ser isso, meu Deus? Dê-me paciência para tolerar esta situação, porque esta coisa horrível mais me parece uma massa gelatinosa, escura, debaixo dos lençóis!
      - "Acalme-se Chico! Confie em minha palavra. Não há ninguém em sua cama!"
      - Mas como é que vou deitar-me em cima disto?! - perguntei, alarmado.
      -" Pode confiar em mim, Chico. Está tudo certo. Vamos deite-se!"
      Vagarosamente, deitei-me, então, recostando-me por cima daquela desagradável aparência. Senti-me entrando, dentro daquilo comoque uma mão entrando numa luva. Um frio percorreu-me todo, durante o encaixe, e, somente assim, percebi que se tratava de meu corpo físico. Com o susto que a inesperada descoberta causou, despertei. Já não via o Dr. Inácio, e os primeiros raios da manhã invadiam o ambiente.Olhei em volta, para ver se ainda registrava a presença do estimado confrade, mas a visão terrena nada me mostrou. Apenas pude perceber, pela mediunidade  audiente, sua voz.
      - "Até a próxima, Chico! Não posso ficar mais. Não esqueça de telefonar para Maria Aparecida, ás 7:30horas. Está bem?"
       Comentarios do medium Luiz Celso: Que história Linda, que aula de desdobramento em sono.
       Do Livro "Dr. Inácio Ferreira - Vida e Obra" Autor: Fausto de Vito.

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