sexta-feira, 20 de março de 2015

Estive com Jesus

Abri a porta do quarto e, naquela noite, realmente exausto, deitei-me de roupa e tudo, mal jogando os sapatos para o lado!
Não devo ter demorado a pegar no sono, já que, embora sem noção exata de tempo, de repente me vi caminhando a beira-mar, respirando a brisa suave e levemente perfumada.
O ar balsâmico, que me inflava os pulmōes, como que fazia que eu me sentisse mais leve. Reparei que estava descalço - o que nunca foi habito meu -, pisando sobre a areia molhada da praia.
Não muito longe, sob o manto estrelado da noite, percebi pequena aglomeração de pessoas e, à medida que caminhava em sua direção, meu coração se descompassava num misto de ansiedade e alegria.
Quase chegando, avistei pequena embarcação ancorada rente à praia e um homem, trajando alva túnica resplandecente, de pé sobre ela, conversando mansamente.
- Quem será? - perguntei a mim mesmo, sem qualquer ideia do que se tratava.
De repente, como se ele me olhasse, sem, contudo, me olhar, exclamei, caindo de joelhos:
- Jesus de Nazaré!
Sim era Ele! Os cabelos ondulados, de cor castanho-clara, esvoaçavam ao vento e a voz terna me soava aos ouvidos qual ritimada canção que jamais me fora dado escutar, embora, de início, as palavras não se me fizessem inteligíveis.
Eu não conseguia me levantar-me e, agora, com os pensamentos convulsionados, estava com a cabeça inclinada para o chão, à semelhança de pobre vassalo diante do trono do rei.
Não sei dizer quantos homens e mulheres, jovens e adultos, ali estavam a escutá-lo em sua divina peroraçao, mas, pelo que pude perceber, não eram muitos - todos, porém, se mostravam translúcidos e, igualmente, contrastando com minhas vestes grosseiras, trajavam simplesmente uma túnica.
Sem poder movimentar-me, da pequena multidão, com o intuito de conduzir-me para um pouco mais perto, dois homens se destacaram e, gentis, ofereceram-me os braços, permanecendo comigo a alguns passos dos demais.
Por mais que me esforçasse, de meus lábios não escapava uma palavra se quer!
Tive, então, por momentos, a impressão de que aquele Homem me sorria e meu coração se deixou levar num arrebatamento de amor.
-Ouçamo-Lo, meu irmão! - exortou-me um dos que me sustentavam de pé com os joelhos quase completamente dobrados.
                                       
                           Filho, não desamines na caminhada...
                           O trabalho é nossa bênção, e a dificuldade, nossa lição.
                            Persevera!
                            Cerra os ouvidos ao mal.
                            Jamais pronuncies a palavra que fira.
                            Levanta os caídos.
                            Socorre os vencidos.
                            Transpõe os obstáculos.
                             Não percas a fé.
                             Pacífica onde estejas.
                             Perdoa sempre.
                             O bem do próximo é nosso verdadeiro bem.
                             Não te esqueças: estaremos juntos até à consumação dos séculos!..."
Obs.: O irmão Carlos A. Baccelli está psicografando este encontro merecido do Dr. Inácio com Jesus Cristo.
Lembrando que o Dr. Inácio, se encontra desencarnado e trabalhando muito no hospital por ele dirigido no plano espiritual.
 Do livro " Anjos Decaídos" Dr. Inácio Ferreira