quinta-feira, 7 de junho de 2012

ANGÚSTIA

'Ditas estas coisas, angustiou-se Jesus
em espírito e afirmou: Em verdade, em
verdade vos digo que um dentre vós me
trairá' - João, cap. 13 - v. 21


      Jesus angustiou-se, não pela hora do testemunho que se aproximava, mas por Judas, o amigo imprevidente que o trairia.
      Angustiou-se o Divino Mestre, mas não lançou censura sobre ninguém...
      Não condenou o companheiro macomunado com os sacerdotes, já por si mesmo tão infeliz...
      Não proferiu palavras amargas, exigindo qualquer reação de defesa por parte dos demais integrantes do grupo...
      Não se exasperou, acusando de ingratidão aqueles aos quais apenas havia feito o bem...
      Não desertou ao dever, que, se mostrou disposto a cumprir até ao derradeiro instante...
      Enfim, não permitiu que nenhum sentimento menos digno lhe possuísse o espírito.
      Angustiarmo-nos diante deste ou daquele impasse que nos cause tristeza  ou aborrecimento é de nossa condição humana, mormente quando nos sintamos sem ação para modificar o rumo dos acontecimentos em curso.
      Angustiarmo-nos, por exemplo, por um afeto querido que, não nos ouvindo as ponderações nem se sensibilizando com os nossos exemplos, se aproxima do abismo que o tragará em dores idescritíveis...
      A angústia de Jesus não o induziu a subtrair-se ao contexto que culminaria com a sua prisão.
      Sobrepondo a aceitação dos Desígnios  Divinos à angústia que experimentava, sorveria, à última gota, a sua transbordante taça de fel.
      Embora nos angustiemos e nos aflijamos, não fujamos às provas inevitáveis que nos venham a bater à porta, porque somente à custa de submissão aos Superiores Ditames é que conseguiremos diminuir a sua força de impacto sobre nós e supera-las.

Dr. Inácio Ferreira do Livro "Saúde Mental À Luz do Evangelho"

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