Meu amigo, eu acompanhei com você, dias atrás, certa discussão em torno da existência histórica de Jesus Cristo e, como é natural, tive também vontada de manifestar a minha opinião a respeito.
Antes, porém, por imposição da consciência, devo uma vez mais, deixar claro que, de minha parte, especular sobre o assunto tão transcendente é o mesmo que um grão de areia se atrever a definir o esplendor do Sol.
No entanto não tenho qualquer dúvida de que Jesus realmente existiu, embora sejam tão escassas as provas concretas que os homens costumam exigir para crer em tudo o que, de imediato, não conseguem admitir somente à luz da própria razão.
Por que tenho certeza da existência histórica do Divino Mestre? Ora, isto é muito simples de responder, e, segundo penso, você concordará comigo sem maiores embaraços de natureza intelectual.
Para mim, a prova inequivoca de que Jesus veio a Terra e, em carne e osso, caminhou entre os homens, está justamente na existência palpável do Evangelho! Cá entre nós, com todo o respeito que os Evangelistas nos merecem - Mateus, Marcos, Lucas e João -, eles não poderiam ser os seus Autores! Aliás, sobre a face da Terra, nenhum outro homem, por mais sábio, poderia ser seu autor!
Conforme eu não me recordo mais quem disse, se, porventura, os Evangelistas tivessem sido, eles mesmos, os autores do Evangelho, então, em vez de um só Cristo nós teriamos quatro!
Outro aspecto que, para mim, é fundamental sobre a crença no Cristo histórico, é que os Evangelhos, segundo você sabe, foram escritos em épocas distintas, muitos anos depois de sua crucificação. O Evangelho de Mateus, que foi o primeiro, teria sido escrito, em definitivo, cerca de 40 a 50 anos após o episódio do calvário, e o de João, que foi o último, escrito a partir dos anos 80 da era cristã. Por alguns lustros a mais ou a menos, não vamos entrar em discussão de natureza matemática, certo?
Neste sentido, a pergunta que se faz de imediato é a seguinte: como os Evangelistas, inclusive Marcos e Lucas, que não conheceram a Jesus, poderiam ser tão concordes ente si, ao ponto de seus registros se identificarem tanto, embora, claro, a notória diferença de estilo entre um e outro?!
Refletindocom você sobre assunto tão comovedor - como nos faz bem falar do Cristo! - ainda gostaria de argumentar com o que se segue.
Nos anos 70, Jerusalém foi contra-atacada pelos romanos e, de fato, não restou pedra sobre pedra...Quase todas as evidências históricas da existência de Jesus de Nazaré, por sagaz artimanha das Trevas, foram destuídas! Veja, por exemplo, o que recentemente, aconteceu com o Espiritismo... Hoje, não fosse o túmulo de Allan Kardec, cemitério de Père Lachaise, em Paris, o que teria restado do Espiritismo na França?! E note-se que, contrapondo-se aos quase dois mil anos de Cristianismo, o Espiritismo tem pouco mais de século e meio de existência! Mesmo assim, você não ignora que, na madrugada do dia 2 de julho de 1989, tentou-se destruir o singelo dólmen onde repousam os restos mortais do Codificador e de Amélie Boudet, sua querida esposa.
Então, meu filho, em linhas gerais, é isto. Em que pesem a todos os "atentados" que ao longo de vinte séculos, o Evangelho vem sofrendo, inclusive com a tentativa de, seguidamente, se deturpar o verdadeiro sentido das palavras do Cristo, ele vem sobrevivendo, provando que, em verdade, de acordo com a percepção de Simão Pedro, as suas palavras são de vida eterna!
Quanto à sua idagação mental, se eu na condição de espírito desencarnado, no plano em que me encontro, já tive oportunidade de ver a Jesus, você me desculpe, mas não posso evitar o riso.
Para ver a Jesus Cristo, não sei quantas vezes eu ainda terei que morrer "para cima", e não "para baixo", como, infelizmente, vem acontecendo de maneira sistemática, comigo e com quase a totalidade dos mortais, que não logramos nos emancipar do âmbito gravitacional do planeta Terra e adjacências... fica mais difícil.
Do Livro "O pensamento Vivo do Dr. Inácio Ferreira"
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