quinta-feira, 8 de maio de 2014

A Vaidade Religiosa

    RAMAKRISHNA, UM DOS MAIORES AVATARES que a Humanidade já conheceu, dizia que podem desaparecer gradualmente as vaidades comuns a todos os homens, mas difícil de morrer é a vaidade de um  religioso a respeito de sua religiosidade.
    Analisando o sábio conceito, observamos, no entanto, que maior vaidade existe no religioso,  não em relação aos demais religiosos, adeptos de crenças diferentes da que ele professa, mas, sim, em relação ao seu entendimento do preceitos doutrinários que abraça, que considera superior ao entendimento de seus próprios irmãos de fé.
     Vejamos se conseguimos mais clareza no que petendemos dizer.
     Por exemplo: até certo ponto, compreende-se a rivalidade entre os adeptos de duas crenças religiosas, em suas interpretações da verdade, por vezes absolutamente antagônicas uma à outra, através de princípios praticamente inconciliáveis. Como porém, compreender-se o ódio com o qual, não raro, um espírita se lança contra outro, apenas e tão-somente porque, sobre determinado tema, possuem ângulo de visão um pouco diferente entre si?!
     Numa casa espírita há quem,frequentemente, discuta - e discuta feio! - por conta dos passes, da reunião mediúnica, da tarefa assistencial, cada qual buscando, vaidosamente, a primazia de seu ponto de vista.
     No Movimento Espírita, infelizmente, a vaidade campeia, deixando-nos profundamente envergonhados e entristecidos com nós mesmos, que falhamos nas mais comezinhas demonstrações de nossa fé.
     Debaixo de estranha fascinação, muitos comparecem a esta ou àquela reunião, apenas com o propósito de discordar do companheiro que, no íntimo, está procurando fazer o melhor ao seu alcance, preocupado com o conteúdo e não com o rótulo.
     Muitos outros, a fim de continuarem vinculados às atividades de seus respectivos grupos, impõem certas condições:
     - Tem que ser do meu jeito ou eu me afasto!...
     - Eu sou fundador desta casa - coloquei muito dinheiro do bolso aqui!...
     - Sou o mais antigo frequentador e não aceito que passem por cima da minha autoridade!...
     - Aqui, quem toma todas as decisões sou eu - não acato nem a palavra do Guia!...
     A vaidade de um espírita a respeito de seus conhecimentos ou pseudoconhecimentos é muito difícil de morrer e, mesmo quando morre, durante muito tempo, permanece mumificada... Conforme disse Ramakrishna, é mais fácil que lhe desapareça qualquer outra vaidade comum!
     Daí, a necessidade de nos empenharmos, com todas as forças do espírito, para que o Espiritismo, em nossas existências, não seja mais um pedestal para as ilusões efêmeras que buscamos, dasquais, evidentemente, haveremos de arrenpender-nos amargamente.
     Feliz, pois, do espírita cujo único propósito na Doutrina, a cada dia, já seja o de tão-somente servir, incondicionalmente, à Causa do Evangelho Redivivo, sobre o homem velho que resiste em morrer dentro de si, lançando mais uma pá de cal!...

Dr. Inácio Ferreira do livro "Diálogos com o Dr. Inácio".

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